Em casa, pai e filha. No trabalho, gerente comercial e financeiro e redatora. Esses são papéis que Rid Eloi Zatta, 66 anos, e Angela Zatta, 32 anos, desempenham com maestria. Atuam na empresa da família em Videira, na qual a esposa de Rid, Rosi e a filha, Silvia também fazem parte. Recentemente, pai e filha deram mais um importante passo nesta parceria: o projeto Flash Reader, que busca promover e incentivar a leitura em locais de espera. A ideia foi lapidada durante a última edição do Programa Nascer, da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e no pitch final, foi a vencedora entre os projetos da turma do programa em Videira, recebendo um fomento de R$ 20 mil.
A editora faz parte da vida da família Zatta há 20 anos. Rosi foi a primeira da família a trabalhar no negócio. Depois Sílvia e em 2012, Angela. Rid teve uma carreira em bancos e na área financeira e comercial de empresas e realizava a gestão financeira da editora quando estava em casa. Foi somente depois da aposentadoria que ampliou suas atividades na Êxito, na área comercial e financeira. Ele conta que com a pandemia, a empresa viu a necessidade de apresentar algo novo. Foi então que o Nascer apareceu como uma oportunidade dessa reinvenção. “O Programa Nascer foi fundamental e veio em uma hora em que a gente precisava de um fôlego”, afirma.
Rid conta que o Flash Reader nasceu do trabalho desenvolvido por ele, pela esposa, por Angela e o esposo, Diego da Luz Rocha. É uma biblioteca móvel que imprime histórias, conteúdos literários e de conhecimento geral na hora. A ideia é que locais de espera como aeroportos e locais de encontro, como cafés, tenham totens com o aplicativo que permite que o leitor, de maneira gratuita, escolha títulos que se encaixam ao tempo que a pessoa tem para a leitura. O Flash Reader poderá ser utilizado pelo público de todas as idades, já que os materiais foram pensados para promover a inclusão de leitores a partir dos 6 anos. Serão disponibilizadas obras clássicas de domínio público, produção de autores parceiros do projeto – a intenção é divulgar também o trabalho de escritores regionais – e desenvolvidos alguns materiais sobre saúde mental. O projeto é feito com ajuda de parceiros do Oeste catarinense e de outros estados e os primeiros totens devem ser instalados nos próximos meses. O Flash Reader também está em fase de patenteamento.
A ideia de uma biblioteca móvel soa muito natural para a família, que antes mesmo de ser proprietária de uma editora, já valorizava o conhecimento. “Eu lembro de quando éramos crianças, de ficar em casa à noite com o pai e a mãe ajudando na lição de casa. Eles sempre estiveram juntos de nós e demonstraram a importância de adquirir conhecimento”, conta Angela. E no mesmo momento em que a filha relata a lembrança, o pai volta ao tempo em que as filhas eram pequenas. “Enquanto a Angela falava, eu voltei lá atrás, na nossa casa, na nossa salinha, estudando com elas. Nada substitui esse convívio com entre pais e filhos”, comenta Rid.
Mas como trabalhar juntos sem misturar o familiar com o profissional? Qual o segredo dos Zatta para manter os negócios em família de maneira que ele prospere? A resposta é: profissionalização e diálogo. “Ao chegar na editora, era algo diferente do que era acostumado, porque eu estava com a família, mas não poderia ser o pai da Angela e da Sílvia. Eu tinha que ser um colaborador, mais uma pessoa que veio para somar. Então, cada um trabalha na área que tem conhecimento. E todos caminham juntos, na mesma direção e em prol da empresa. Há respeito mútuo e profissional e temos a consciência de que não se pode fazer algo apenas por amor. Nós vivemos desse negócio”, comenta Rid. “Em casa ele é meu pai e no trabalho, ele é meu colega, o Rid. Vimos que temos que separar o que é assunto familiar e o que se refere aos negócios”, complementa Angela.
Por ASCOM/FAPESC