O Departamento de Políticas Públicas para as Mulheres de Rio Negro, em parceria com a Polícia Civil e a Ouvidoria Municipal, promoveu na tarde desta quarta-feira um importante evento com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) com o objetivo de capacitar estes profissionais para o acolhimento de mulheres vítimas de violência, fortalecendo a rede de proteção e ampliando a escuta ativa na atenção básica.
A capacitação teve como tema a “Violência contra a mulher: quais os tipos de violência e quais as medidas cabíveis a serem tomadas”. O evento ocorreu no Cine Teatro Antônio Cândido do Amaral.
Durante a abertura o prefeito Alessandro Cristian von Linsingen destacou a importância da atuação dos agentes comunitários, reconhecendo o papel essencial que eles desempenham nas comunidades. O prefeito também reforçou que são esses profissionais que conhecem de perto a realidade das famílias e que, por isso, devem ser ouvidos na formulação de políticas públicas.
“Pensem, a cada visita, a cada relatório: vocês podem estar ajudando alguém a sair de uma situação de violência, física ou psicológica. É por isso que o trabalho de vocês é tão importante”, disse o prefeito, que reafirmou o compromisso da gestão com o diálogo, com a dignidade das famílias e com a construção coletiva de soluções que atendam de fato a população.
Durante a capacitação os profissionais receberam orientações da palestrante Deizi Meister Colaço, que atua há 16 anos como agente da Polícia Civil na 2ª Delegacia Regional de Polícia de Rio Negro.
A policial realizou uma palestra rica em informações, focada na violência doméstica e familiar contra a mulher. A abordagem foi prática, acolhedora e conectada à realidade enfrentada pelas agentes comunitárias. Entre os temas abordados está a importância da escuta ativa na atenção básica, sendo que as agentes comunitárias são, muitas vezes, as únicas pessoas com acesso direto e regular às mulheres em situação de vulnerabilidade.
A importância do trabalho em rede também foi tema da apresentação. Em Rio Negro há a integração entre os agentes de saúde e postos de saúde, profissionais da Secretaria de Saúde, Pronto Atendimento Municipal, Hospital Bom Jesus, Casa Tambo, Departamento da Mulher, Procuradoria da Mulher da Câmara de Vereadores, Delegacia de Polícia Civil e Ministério Público, sendo que todos são essenciais para a efetividade da proteção. A Lei Maria da Penha, além da explicação sobre os cinco tipos de violência previstos na legislação (física, sexual, psicológica, patrimonial e moral), também foram discutidos durante a palestra.
Os agentes comunitários também foram capacitados sobre a violência digital e sobre as provas e documentos necessários para a realização de um boletim de ocorrência, desta forma os profissionais podem orientar corretamente as vítimas sobre a preservação de áudios, prints de ameaças, fotos e qualquer outro material que possa ser usado como prova do crime.
A importância do acolhimento e da empatia também foi destacada na palestra. A policial orientou os agentes que a primeira escuta deve ser acolhedora e segura, sem julgamento, e as vítimas devem ser informadas sobre seus direitos e sobre os caminhos de denúncia e proteção.
Atualmente o município de Rio Negro possui 72 ACS. Eles têm grande importância para a propagação de informações importantes à população, já que realizam um contato direto com os munícipes. Os agentes realizam visitas domiciliares ou comunitárias, individuais ou coletivas, para a realização de um monitoramento sobre a saúde das famílias. Eles também orientam a população sobre cuidados de saúde, atuam em atividades educativas em saúde, entre outras funções.
O apoio dos ACS possibilitará que as informações sobre a violência contra a mulher, os direitos das mulheres e a saúde da mulher, entre outros temas pertinentes, cheguem mais rápido a este público, principalmente em áreas com maior grau de vulnerabilidade, que é a prioridade de atuação dos agentes. “Vocês são os nossos olhos dentro das casas. Muitas vezes nós não conseguimos chegar, mas vocês estão lá. Precisamos de vocês para salvar vidas”, afirmou a policial Deizi.
Durante o evento, a servidora Jerusa Cleres Hack, representando a Ouvidoria Municipal, reforçou a importância do canal de ouvidoria como um espaço seguro de escuta e recebimento de denúncias. Jerusa trouxe informações sobre o sigilo garantido às manifestações e destacou a relevância do atendimento humanizado e ético.
A diretora do Departamento da Mulher, Édina Regina dos Santos, destacou a importância de capacitar continuamente a rede de atendimento e aproximar os serviços públicos da realidade vivida pelas mulheres em situação de vulnerabilidade. Ela também ressaltou o trabalho do Departamento da Mulher e convidou os presentes a conhecerem melhor os serviços e projetos desenvolvidos, como o “Gabinete Itinerante da Mulher”, iniciativa que busca levar atendimento e escuta ativa a diversas regiões do município.
A capacitação desta quarta-feira representou um importante passo no fortalecimento da rede de proteção às mulheres em Rio Negro. A atuação integrada entre saúde, segurança pública e assistência social é fundamental para garantir que nenhuma mulher permaneça em situação de violência sem apoio.