quarta-feira, abril 24, 2024
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Ex-socorrista conta os desafios de enfrentar a tetraplegia

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Marcelo Moro mora em Mafra e tem 46 anos. Aos 23 anos, trabalhava como socorrista e enquanto ia visitar a noiva sofreu um acidente que lhe tirou o movimento das pernas e dos braços. Conheça a sua história!

Marcelo Moro, natural de Curitiba, mora em Mafra há 7 anos. Ele possui 46 anos e metade da sua vida foi em cima de uma cadeira de rodas: aos 23, trabalha como socorrista e enquanto ia visitar a noiva sofreu o acidente que o deixou tetraplégico – ou seja, sem o movimento dos braços e das pernas. Hoje, com os movimentos dos braços parcialmente recuperados, ele conta os desafios de superar a condição.

“Ver o mundo de uma cadeira de rodas é você ser mais detalhista para ter mais percepção das coisas e observar que a nossa sociedade ainda não está totalmente preparada para nos incluir nesse meio, para poder ter uma vida digna, para poder ter uma casa, um trabalho, constituir uma família, fazendo um simples passeio pela cidade… essas são algumas dificuldades de ser um cadeirante”, avalia Marcelo.

Ele define o seu dia-a-dia como “normal”, “logicamente dentro das limitações”. “Tenho meu carro adaptado, com o qual vou para minha fisioterapia e academia. Quanto ao preconceito a ser cadeirante ou ter algum tipo de deficiência infelizmente isso existe, acontece diariamente. Por exemplo: no comércio, onde tem um degrau, entrar em um estabelecimento para tomar uma cerveja, um suco com os amigos, um refrigerante, em alguns restaurantes, cinemas, colégios, barzinho…”, cita o ex-socorrista.

Hoje, aposentado por invalidez, ele conta que é dependente de terceiros para desempenhar as funções básicas do dia a dia. “A mensagem que eu deixo para as pessoas que tem algum tipo de problema e que enfrentam algum tipo de dificuldade no seu dia-a-dia é: não desista e faça sempre o seu melhor, não se compare com outras pessoas, simplesmente faça o seu melhor, porque vai lhe fazer se sentir bem e isso é o que importa”, afirma.

Conheça, a seguir, a história de Marcelo Moro!

O acidente

Marcelo trabalhava há dois anos na Ecco Salva, empresa que presta serviços de atendimento pré-hospitalar de emergência e urgência médica em Curitiba e região metropolitana, dirigindo a UTI móvel juntamente com um enfermeiro e um médico.

Ele lembra exatamente quando a sua vida mudou por completo. “Em 14 dezembro de 1997, às 14h30. Era uma linda tarde de domingo até a chegada de uma tempestade relâmpago”, conta ele, que estava indo de carro para a casa da noiva no bairro Tarumã, em Curitiba, no perímetro urbano da BR 116, em frente ao Jockey Club, quando a tempestade ocasionou várias poças de água na rodovia.

“Em uma delas o carro rodou na pista e capotou várias vezes, parando com as 4 rodas para cima e o teto do carro no chão. Todo o peso do corpo veio se concentrar no pescoço, onde ocorreram as fraturas das vértebras c5 e c6, lesão medular incompleta oblíqua”, explica Marcelo. Depois de 3 ou 4 dias de internação na UTI, tendo uma melhora significativa no quadro clínico, foi encaminhado para a cirurgia de fixação de vértebras cervicais, com a colocação de uma haste de titânio e 6 parafusos.

“A cirurgia foi um sucesso. Desde minha a internação no hospital com pescoço quebrado vim a ter alta hospitalar no dia 24 de dezembro, isso mesmo, alta hospitalar na véspera de Natal com o pescoço novinho em folha! Naquela altura do campeonato o importante era estar vivo”, comemora ele, que, porém, aos 23 anos ficou tetraplégico.

O tratamento

“Em janeiro de 1998 começa minha saga na recuperação, passando por várias clínicas, hospitais e centros de reabilitação para uma incógnita recuperação de movimentos. Foi mais de 1 ano de muito esforço meu e dos fisioterapeutas que me atendiam para conseguir ficar sentado sozinho sem apoio e sem desmaiar. Essa foi minha primeira conquista obtida com sucesso!”, lembra Marcelo.

“Depois vieram inúmeras outras, se alimentar sozinho, tomar banho sozinho, se vestir sozinho, com objetivo de uma reabilitação motora e psicológica. Graças a Deus, à minha família e aos profissionais que me ajudaram eu obtive um enorme sucesso na minha recuperação surpreendendo a todos com a minha excelente melhora física e emocional”, afirma o ex-socorrista, que recuperou parte dos movimentos dos braços.

Marcelo conta também que o esporte o ajudou em diversos aspectos. “Pratiquei alguns esportes, como basquete, rugby na cadeira de rodas e natação, que trouxeram inúmeros benefícios para a minha saúde corporal, mental e espiritual”, diz ele, que também já fez fisioterapia, hidroterapia e terapia ocupacional, e atualmente deixou de lado a academia e a educação física devido à pandemia.

“Mas retornarei quando estiver com minha segunda dose da vacina em dia e não tiver risco de contaminação. Como eu moro com meus pais e ambos têm idades avançadas me preocupo em preservar a saúde deles, pois são meu porto seguro assim como eu sou para eles. Reciprocidade entre pais e filho, quem ama cuida!”, destaca Marcelo Moro.

Por Millena Sartori/Tribuna da Fronteira

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