quinta-feira, dezembro 12, 2024
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Produção de milho pode crescer 2,5 milhões de toneladas em SC sem ampliar área plantada

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O (Projeto GYGAs SC), criado para avaliar o potencial e as lacunas de produtividade do milho em Santa Catarina, publicou os resultados parciais do estudo desenvolvido em 176 propriedades do Estado durante a safra 2020/21. A pesquisa mostra que se todas as lavouras catarinenses de milho atingirem 75% do potencial de produtividade, ou seja, a máxima eficiência técnica e econômica, será possível aumentar a produção anual em 2,5 milhões de toneladas. O resultado possibilitaria atender mais de 70% da demanda do Estado pelo cereal.

A pesquisa é desenvolvida em parceria entre a Epagri e a equipe FieldCrops, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em 42 municípios do estado. Trata-se de um protocolo global, com mais de 70 países participantes, com aplicação local. A iniciativa é liderada pela Universidade de Nebraska (EUA) e Universidade de Wageningen, na Holanda, e se baseia no conhecimento da ecofisiologia das culturas e dos sistemas de produção.

Em Santa Catarina, o estudo busca estimar o potencial de produtividade do milho nas diferentes regiões e identificar as principais lacunas que impedem uma maior eficiência, como forma de elevar a produção desse cereal por meio do manejo baseado em processos, considerando a atual área de cultivo. O objetivo final é tornar o estado menos dependente da importação do grão para alimentar seus plantéis de animais, principalmente aves e suínos. Santa Catarina é responsável por 50% da exportação nacional de carne suína e por 30% da carne de frango vendida ao Exterior. Neste cenário, a demanda por milho no Estado é de 7 milhões de toneladas por ano, enquanto que a produção média anual é 2,8 milhões de toneladas.

Avaliando a safra 2020/21 de milho em Santa Catarina, os pesquisadores observaram que, considerando as regiões Oeste, Meio Oeste e Planalto Norte, que representam aproximadamente 50% da área de produção de grão do estado, há uma diferença de 6,9 toneladas por hectare entre o potencial de produtividade e a produtividade média nas lavouras.

“O estudo aponta como essa lacuna pode ser explorada para aumentar, de forma sustentável, a produção catarinense de milho”, explicou Leandro Ribeiro, pesquisador do Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Epagri/Cepaf) e coordenador do projeto na Epagri.

Semeadura

A pesquisa concluiu que a data da semeadura para altas produtividades ocorre próximo ao dia 19 de setembro. “É um dos fatores com maior influência no potencial de produtividade das lavouras, além de não aumentar custos de produção”, explica Leandro. Em geral, lavouras com produtividades baixas, ou seja, inferiores a 4 t/ha, semeiam a cultura do milho 12 dias após as lavouras de altas produtividades, superiores a 9,5 t/ha.

A densidade de semeadura é outro fator a ser considerado. Para atingir altas produtividades, o estudo recomenda uma média de 70 mil plantas/ha, com espaçamento entre linhas menor e densidade de semeadura maior. Nas lavouras de Santa Catarina, a diferença da densidade utilizada em lavouras de alta e de baixa produtividade é próxima de 6 mil plantas/ha. A pesquisa ressalta que o uso de maiores densidades de semeadura exige maior investimento em insumos e tecnologia, mas com impacto significativo na produtividade das lavouras.

Solo

O estudo avaliou ainda a importância da correção adequada do solo para obtenção de produtividades mais elevadas. Ao comparar lavouras em que a correção da acidez do solo com o uso de calcário é realizada a cada um ou dois anos com aquelas em que se corrige a cada quatro ou mais anos, os pesquisadores perceberam uma produtividade superior em 1,6 t/ha. Lavouras de alta produtividade aplicam calcário com uma frequência média de seis meses.

A obtenção de altas produtividades também está relacionada com a realização de uma adubação adequada às demandas da planta. A diferença na adubação entre lavouras de alta e de baixa produtividade é de, aproximadamente 19 kg/ha de fósforo (P) e 9 kg/ha de potássio (K) na adubação de base. O nitrogênio (N) é o elemento exigido em maior quantidade pelas plantas de milho, sendo o que tem maior efeito na produtividade de grãos. A quantidade total de nitrogênio para a obtenção de altas produtividades é de 250 kg de N/ha, e a diferença entre lavouras de alta e de baixa produtividade é de 31 kg/ha.

A pesquisa concluiu ainda que a rotação com soja ou feijão é capaz de aumentar em até 1,2 t/ha a produtividade das lavouras catarinenses de milho. “A rotação de culturas proporciona menor pressão de insetos e doenças, melhor controle de plantas daninhas, além de benefícios relacionados ao solo, sendo favorável tanto para a cultura do milho como para a soja”, ressalta Leandro.

Por fim, os pesquisadores constataram que as lavouras que fizeram três ou mais aplicações de inseticida na safra de 2020/21 tiveram 1,5 t/ha a mais de produtividade em relação àquelas que fizeram uma ou nenhuma aplicação. Além disso, na média das lavouras de alta produtividade, foram realizadas 0,4 aplicações a mais de fungicida do que nas lavouras de baixa produtividade. Também foi possível perceber que entre as lavouras que realizaram aplicação de inseticida, aquelas que fizeram a primeira aplicação nas plantas com até duas folhas tiveram produtividade 20% superior do que as que fizeram a primeira aplicação após cinco folhas na planta.

O pesquisador da Epagri lembra que estes resultados são parciais, tendo em vista que o estudo será continuado na safra 2021/22 de milho, de modo a ampliar o esforço amostral e a robustez das conclusões.

 

Por Assessoria de Comunicação

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