quarta-feira, dezembro 4, 2024
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Mesmo com menor produção, café garante mais rendimento ao produtor paranaense

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Os preços recebidos pelos cafeicultores alcançaram até 73% de valorização em relação à safra de 2023, ainda que a produção tenha reduzido em 8%, com 40,2 mil toneladas colhidas

A cafeicultura paranaense ocupou em 2024 praticamente a mesma extensão territorial do ano anterior, mas a produção foi 8% menor. No entanto, em razão da valorização dos preços recebidos pelos produtores, com a saca beneficiada superando em até 73% os valores de 2023, o rendimento tem sido maior.

Esta análise faz parte do Boletim de Conjuntura Agropecuária referente à semana de 4 a 10 de outubro. O documento é preparado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), e analisa também o desempenho da soja e batata, os preços de suínos e bovinos, e as exportações de frango e peru.

A safra de café deste ano já está totalmente colhida. Ela ocupou 25 mil hectares e a estimativa é uma produção de 40,2 mil toneladas. No ano passado foram obtidas 43,9 mil toneladas. Os produtores conseguiram comercializar a saca beneficiada por R$ 1.247,17, em média, durante setembro deste ano. Valor bem superior aos R$ 720,57 de setembro de 2023.

Segundo o Deral, a alta estimulou a venda, que alcançou 41% das 670,6 mil sacas produzidas no ciclo. No mesmo período da safra anterior estava em 13%. É possível projetar que o Valor Bruto de Produção (VBP) do café supere R$ 750 milhões em 2024, valor 33% maior que os R$ 562,8 milhões obtidos em 2023.

A expectativa é que isso ajude a amenizar, ainda que momentaneamente, a tendência de retração de áreas dedicadas ao café no Estado. “A longo prazo, a tendência ainda é de encolhimento desta atividade rural, em razão das dificuldades de sucessão familiar e obtenção de mão de obra, somadas à grande concorrência com a produção de grãos no Estado”, analisou o agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho.

Foto: José Fernando Ogura/AEN

De acordo com ele, a segunda década do milênio apresentou preços pouco atrativos para os produtores e muitos operaram no prejuízo. “Além disso, as dificuldades climáticas ainda são presentes, como a marcante frente fria de julho de 2013 que ocasionou grande erradicação de cafezais, que até então ocupavam 65 mil hectares, área duas vezes e meia superior à atual”, disse Godinho.

BATATA – A colheita da batata de segunda safra caminha para o final. Restam pouco mais de 150 dos 10,5 mil hectares plantados. Eles estão em fase de desenvolvimento vegetativo na região de Cornélio Procópio, no Norte do Estado.

A produção total projetada é de 289 mil toneladas, 10,4% abaixo das 322,5 mil toneladas previstas no início da safra. Contribuíram para essa redução as chuvas irregulares, as ondas de calor intenso e os longos períodos de estiagem.

SOJA – O boletim registra ainda a estimativa de produção de 429,2 milhões de toneladas de soja no mundo, o que configuraria recorde. Como principal produtor da oleaginosa, o Brasil deve ser responsável por 40% desse total, seguido pelos Estados Unidos, com 29%, e a Argentina (11,9%).

No cenário brasileiro, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) prevê 166,28 milhões de toneladas a serem colhidas em uma área de 47,4 mil hectares. Se confirmada, será a maior da história. O Paraná deve contribuir com mais de 22 milhões de toneladas, fruto de semeadura em área recorde de 5,8 milhões de hectares.

SUÍNOS – O preço médio de varejo dos cortes de carne suína pesquisados pelo Deral (lombo sem osso, paleta com osso e pernil com osso) subiu pelo quarto mês consecutivo no Paraná. Em média, o preço de R$ 16,54 praticado em maio de 2024 chegou agora em R$ 18,86 (12% a mais).

O maior reajuste foi da paleta com osso, que teve acréscimo de 15%, ou R$ 2,42 a mais por quilo. O pernil com osso elevou-se 13%, ou R$ 2,06 por quilo, enquanto o lombo sem osso está custando R$ 2,50 a mais por quilo (10% de aumento). A maior demanda é a principal explicação para o aquecimento no preço.

BOVINO – No caso dos bovinos, a diminuição na oferta de animais prontos para o abate e a deterioração da qualidade de pastagens em boa parte do País provocou alta de 7,24% no preço da arroba nos oito primeiros meses do ano. Atualmente está em R$ 294,20 (US$ 53,18), o maior valor em dólares neste ano.

A constante desvalorização do real, a menor oferta de animais nos abatedouros e a expectativa de menor produção devido ao maior abate de fêmeas nos últimos anos pode elevar ainda mais o preço da carne no mercado interno. No varejo, todos os cortes pesquisados pelo Deral, com exceção do filé mignon, fecharam setembro de 2024 mais caros que no mesmo mês do ano passado.

FRANGO – O documento mostra também que as exportações brasileiras de carne de frango diminuíram 7,7% em faturamento nos oito primeiros meses de 2024. Foram US$ 6,2 bilhões contra US$ 6,7 bilhões no ano passado. Em quantidade, a retração foi de 1,7%, caindo de 3,40 milhões de toneladas para 3,34 milhões de toneladas.

No Paraná, a retração foi de 0,6% no volume exportado, reduzindo de 1,43 milhão de toneladas para 1,42 milhão de toneladas, e de 2,1% em valores, saindo de US$ 2,6 bilhões para US$ 2,5 bilhões. Principal produtor e exportador, o Estado tem participação de 42,6% em volume e de 41,5% da receita cambial.

PERU – A plataforma Agrostat Brasil aponta ainda que no mesmo período de oito meses as empresas nacionais exportaram 38.054 toneladas de carne de peru, com receita de US$ 93 milhões. Em 2023 tinham sido 47.451 toneladas (19,8% a mais) e US$ 144 milhões (54,6% a mais).

O Paraná é o terceiro colocado entre os estados brasileiros em exportação de carne de peru, com 8.180 toneladas e faturamento de US$ 19,5 milhões. Santa Catarina lidera com 16 mil toneladas e US$ 38,3 milhões em receitas, seguido pelo Rio Grande do Sul, com 13.841 toneladas e US$ 35 milhões de divisas.

Por AEN

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