O Boletim Agropecuário de dezembro indica crescimentos nas safras catarinenses de feijão, milho silagem e soja, em relação às estimativas iniciais. O aumento da área plantada também impulsionou a produção de trigo, que deve ser 38% maior nesta safra. Por outro lado, condições climáticas adversas podem impactar negativamente as safras de arroz, milho grão e cebola. O Boletim Agropecuário é editado mensalmente pela Epagri/Cepa com as informações das principais cadeias produtivas do agronegócio catarinense.
Arroz
O arroz catarinense sofreu com o frio prolongado, que atrasou o ciclo da cultura. A baixa luminosidade preocupa os produtores com relação à produtividade e à uniformidade do grão. Até o momento, toda a área estimada de arroz para o estado (147 mil hectares) foi semeada e 2,5% da área se encontra em floração. A expectativa da Epagri/Cepa é de uma leve retração da produtividade na safra 2022/23 em relação à anterior, quando esteve acima da média.
Os preços do arroz em casca em Santa Catarina seguiram em alta entre novembro e a primeira quinzena de dezembro. O aumento das exportações brasileiras, especialmente com origem no Rio Grande do Sul, tem sido um fator de alta importante nos últimos meses.
Os custos de produção apresentaram leve redução em outubro em relação a julho. Apesar disso, a margem continuou negativa, pois os preços médios daquele mês não foram suficientes para cobrir o custo operacional da atividade.
Feijão
A Epagri/Cepa estima uma redução de 14% na área plantada com o feijão em Santa Catarina, na comparação com a safra 2021/22. Mesmo assim, a produção deverá aumentar cerca de 11%. A queda de preços do grão no mercado catarinense é um dos fatores que tem contribuído para a redução na intenção de plantio.
Até a primeira semana de dezembro, 78,6% da área destinada ao plantio da leguminosa no estado já estava cultivada. Condição boa de lavoura para 91,9% da área plantada, média para 7,8% e ruim para 0,3%.
Milho grão
A Epagri/Cepa fez ajustes nos cálculos de área cultivada e produtividade do milho catarinense, o que resultou na redução de expectativa da produção total, de 2,7 para 2,6 milhões de toneladas.
Fatores climáticos influenciam na expectativa da produção inicial, em especial o frio prolongado e a estiagem no Extremo Oeste na primeira quinzena de dezembro.
Os preços ao produtor apresentaram recuperação desde agosto no estado. O mercado está atento a dois fatores prevalentes: condições climáticas na safra atual de verão no Sul do País e ritmo das exportações de grãos pelo Brasil.
Milho silagem
A Epagri/Cepa mantém uma projeção de recuperação da produção de milho para fins de silagem na safra 2022/23 em Santa Catarina. Essa situação se dá apesar da estiagem no Extremo Oeste na primeira quinzena de dezembro. O mercado de silagem cresce no estado.
Soja
Em dezembro a Epagri/Cepa estimou uma produção de 2,63 milhões de toneladas de soja na safra catarinense 2022/23, contra uma estimativa inicial de 2,61 milhões de toneladas. A elevação reflete o aumento da área estimada de cultivo para 730 mil hectares e se dá apesar da redução da produtividade esperada das lavouras em função das condições climáticas desfavoráveis.
Os fatores que prevalecem quanto ao mercado da oleaginosa em novembro e dezembro são: o clima no Sul do Brasil e Argentina, que podem impactar no potencial produtivo, e o macrocenário mundial da economia. As exportações do complexo soja a nível nacional diminuem no acumulado até novembro na forma de grãos, no entanto, há um avanço significativo do volume exportado dos coprodutos farelo e óleo de soja no mesmo período.
Trigo
Até a última semana de novembro, 80% da área destinada ao cultivo do trigo no estado já havia sido colhida. A expectativa da Epagri/Cepa é de uma colheita de mais de 479,5 mil toneladas do grão em Santa Catarina, o que representa um crescimento de 38% em relação ao ciclo agrícola anterior. O crescimento resulta do aumento de 36% na área plantada e de 1% na produtividade.
No mês de novembro, o preço médio mensal da saca de 60 kg ficou em R$ 95,52, variação positiva de 2,27%. Os preços recebidos em novembro estão 11,37% acima daqueles registrados há um ano.
O custo de produção teve pequena redução de 5,35% em novembro em relação a julho, e está 2,35% maior do que em outubro de 2021. Dentre os itens que mais impactam no custo de produção do trigo, estão fertilizantes, agrotóxicos e sementes, que respondem por 59% do total.
Alho
A colheita do alho catarinense se intensifica em dezembro e a estimativa da Epagri/Cepa é de que o estado colha 16 mil toneladas da hortaliça na safra atual. Se a expectativa se confirmar, Santa Catarina terá uma safra que pode ser considerada boa em produção e qualidade dos bulbos para o mercado.
As condições fitossanitárias das lavouras catarinenses de alho nesta safra são boas para 91,5% da área plantada, enquanto que 8,5% é considerada média. As temperaturas baixas no período de diferenciação celular não chegaram a provocar prejuízos significativos para a cultura.
Em novembro foram importadas 5,38 mil toneladas de alho, aumento de 178,75% em relação a outubro. O volume internalizado de janeiro a novembro é de 101,21 mil toneladas, redução de 9,66% em relação ao mesmo período do ano passado, quando haviam sido importadas 112,03 mil toneladas.
Cebola
O mês de novembro foi de preços excepcionais para os produtores de cebola no Brasil. A baixa oferta em relação à demanda favoreceu a elevação dos preços de forma geral. O início da colheita da safra catarinense, com as variedades superprecoces em período de demanda superaquecida, favoreceu os produtores. A colheita se intensifica no estado e já atinge quase 20% da área plantada no estado, mas as condições climáticas dos últimos meses, com temperaturas baixas por períodos prolongados, afetaram o desempenho produtivo da cultura em Santa Catarina.
Na Ceagesp/SP, o mês de novembro iniciou com preço de R$5,43/kg para a cebola-nacional média, aumento de 10,81% em relação ao início do mês de outubro, quando era de R$4,90/kg. A partir da segunda semana do mês, as cotações da hortaliça tiveram novos aumentos e fecharam o mês a R$ 6,97/kg, uma das mais altas da história recente. O comportamento das cotações na Ceasa/SC no período foi semelhante.
De janeiro a novembro deste ano, o Brasil importou 143.052 toneladas de cebola, o que corresponde a um aumento de 23,37% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram importadas 115.950t.
Banana
A Epagri/Cepa estima que Santa Catarina produza 731,4 mil toneladas de banana na safra 2022/23, aumento de 1,8% no volume e de 5% na produtividade média em relação à safra passada. Assim, a produção de banana volta aos patamares históricos no território catarinense.
No início de dezembro, o município de Corupá e a região Norte do Estado, grandes produtores da fruta, foram muito afetados com as chuvas. A estimativa da Epagri/Cepa é de 5% das áreas de produção dos bananais tenham sido afetados com deslizamentos nas encostas e nas vias de escoamento da produção. Assim, os produtores precisaram reduzir os preços para escoar a produção estocada nesse início de mês.
Tanto a banana-caturra quanto a prata já vêm enfrentando desvalorização das cotações desde outubro, devido principalmente à concorrência com outras frutas da estação. A exceção fica para a banana-prata do Sul catarinense, cujos preços apresentaram tendência de recuperação no mês de dezembro devido à baixa oferta no mercado nacional da variedade.
Bovinos
O preço médio do boi gordo em Santa Catarina apresentou leve queda de 0,1% nas primeiras semanas de dezembro em relação a novembro. Na comparação entre os preços atuais e os de dezembro de 2021, registra-se queda de 2,7% na média estadual. É importante destacar que as variações levam em consideração os valores nominais, ou seja, sem considerar a inflação do período. Segundo o IPCA/IBGE, a inflação acumulada nos últimos 12 meses foi de 5,9%.
Os preços de atacado da carne bovina também apresentaram quedas em relação aos do mês anterior: -0,8% na carne de dianteiro e -0,2% na carne de traseiro. Quando se comparam os valores atuais com os de dezembro de 2021, observam-se altas de 2,4% para a carne de dianteiro e de 2% para a carne de traseiro, com média de 2,2%.
Frango
Santa Catarina exportou 83,50 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada) em novembro, alta de 3,8% em relação às exportações do mês anterior e de 3,4% na comparação com as de novembro de 2021. As receitas foram de US$188,81 milhões, alta de 3,8% em relação às do mês anterior e de 19,3% na comparação com as de novembro de 2021.
No acumulado do ano, Santa Catarina exportou 929,47 mil toneladas, com receitas de US$2 bilhões, variações de -0,7% e 19,9%, respectivamente, na comparação com o mesmo período do ano passado. O estado foi responsável por 22,9% das receitas geradas pelas exportações brasileiras de carne de frango neste ano.
Suínos
Santa Catarina exportou 50,71 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos) em novembro, queda de 1,6% em relação às exportações do mês anterior, mas alta de 18,9% na comparação com as de novembro de 2021. As receitas foram de US$129,88 milhões, alta de 0,2% em relação às do mês anterior e de 35,5% na comparação com novembro de 2021.
No acumulado do ano, o estado exportou 548,51 mil toneladas de carne suína, com receitas de US$1,30 bilhão, alta de 3,1% em quantidade e de 0,1% em valor, na comparação com o mesmo período de 2021. Santa Catarina respondeu por 56,5% das receitas e por 54,9% do volume de carne suína exportada pelo Brasil neste ano.
Leite
Em dezembro o IBGE divulgou novos resultados da Pesquisa Trimestral do Leite, agora com os dados do terceiro trimestre dos estados brasileiros. Entre janeiro e setembro de 2022, a quantidade do produto adquirida pelas indústrias no Brasil foi 5,9% menor que no mesmo período de 2021. Os meses do terceiro trimestre foram os de menores quedas, mas em nenhum dos meses de 2022 a quantidade adquirida alcançou o mesmo patamar de 2021. Mesmo que isso se reverta no último trimestre, é certo que a quantidade adquirida em 2022 não alcançará os 25,122 bilhões de litros de 2021.
A queda dos preços dos lácteos no mercado atacadista se reflete nos preços recebidos pelos produtores de leite, que foram decrescentes nos últimos quatro meses, mas, com intensidade bem menor em novembro e dezembro, do que em setembro e outubro.
Confira aqui a íntegra do Boletim Agropecuário.