Santa Catarina apresenta leve aumento na incidência de cigarrinhas-do-milho, com média estadual de 12 insetos por armadilha. Segundo a média histórica do Programa Monitora Milho SC, esses valores são compatíveis com o estágio de desenvolvimento das lavouras, que, neste momento, se encontram em sua maioria entre V8 e R5. O controle populacional do inseto-vetor é essencial para reduzir os índices de infecção e, consequentemente, assegurar melhores resultados produtivos. Maria Cristina Canale, pesquisadora da Epagri/Cepaf, responsável pelo programa Monitora Milho SC, ressalta a eficácia do manejo adotado pelos agricultores catarinenses, que tem garantido médias estáveis ao longo da safra 2025/26.
No entanto, ela alerta para o aumento no número de insetos na região Extremo-Oeste. “As lavouras são semeadas um pouco antes nessa região, o que pode influenciar na quantidade de cigarrinhas no ambiente”, afirma Maria Cristina. Além disso, ela destaca que há algumas semanas as amostras coletadas em lavouras do Extremo-Oeste têm indicado a ocorrência dos patógenos que compõem o complexo dos enfezamentos e viroses. “A cigarrinha-do-milho provoca quatro doenças, causadas por dois vírus e duas bactérias e, quando a planta está infectada com mais de um desses patógenos, eles interagem e potencializam seus efeitos, causando infecções mistas”, explica. Outra região destacada por ela é o Planalto Norte, especialmente a região de Mafra, com infecções recorrentes.
A recomendação para os produtores, que já começam a planejar o plantio da safrinha, é ajustar bem o maquinário para evitar perda de grãos que podem servir de abrigo para as cigarrinhas. É indicado também que o manejo inicial seja bastante rigoroso, com a utilização de inseticidas químicos aliados a produtos biológicos, sempre que possível.

O programa Monitora Milho SC coleta e divulga semanalmente informações levantadas em 55 lavouras distribuídas em todo o Estado de Santa Catarina, permitindo que o setor produtivo acompanhe a evolução da população de cigarrinhas e as infecções causadas por esses insetos.
O ataque de cigarrinhas infectadas com os patógenos dos enfezamentos pode comprometer substancialmente a produção de lavouras de milho. Para acompanhar a situação, foi criado no começo de 2021 o programa Monitora Milho SC, uma iniciativa do Comitê de Ação contra Cigarrinha-do-milho e Patógenos Associados, composto pela Epagri, Udesc, Cidasc, Ocesc, Fetaesc, Faesc, CropLife Brasil e Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária. O Programa Monitora Milho SC se destaca como uma das principais iniciativas científicas da Epagri, conquistado reconhecimento em diversos eventos nacionais e internacionais. Sua metodologia tem servido de referência para ações similares em outros estados brasileiros e até para o exterior.
Informações atualizadas para os produtores
A pesquisadora Maria Cristina Canale, do Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar da Epagri (Cepaf), explica que as informações geradas pelo monitoramento são fundamentais para a convivência da agricultura com a cigarrinha e as doenças transmitidas por ela. “Embora os enfezamentos já sejam conhecidos no país há algumas décadas, nós observamos que os surtos ocasionados por esses problemas têm sido bastante frequentes em todas as regiões produtoras do Brasil. Então é necessária a convivência do setor produtivo com o problema a partir de agora, inclusive aqui em Santa Catarina, com a participação ativa de todos os produtores envolvidos com a produção de milho, no manejo integrado regionalizado”, ressalta.
Por: Karin Helena Antunes de Moraes, jornalista bolsista na Epagri/Fapesc







